quinta-feira, 25 de junho de 2009

Michael & Eu

Para dizer bem a verdade, eu nunca fui muito próximo a música. Tive vários problemas, simplesmente por aquilo que eu considerava a verdade e nela, estranhamente, não se incluía a distração. Porém, não é de verdade, sonho, ou ilusão que venho aqui, é pela memória. Eu sempre tive memórias antigas da minha infância e uma das primeiras relacionadas a minha vida foi a primeira música. Eu lembro, era um dia de Sol, havia camas e uma televisão, ainda em P&B e aquele cara dançava entre mortos. Ainda hoje a visão de Thriller parece meio enevoada. A memória, quando é muito antiga, tem aspecto de sonho, ou no caso, pesadelo.



Essa memória parece ter sido o meu primeiro encontro não só com a música, mas com o mundo Pop, mundo esse que eu viveria entre farpas e beijos. Foi também a minha primeira e, por certo, a última vez (até os 12 anos) que eu viria um zumbi e não ficaria com medo. Foi a primeira vez também que eu me lembro de qualquer coisa. A morte dele, de Michael, foi a morte em si, para mim, de parte de uma época que eu não vivi, pelo menos não completamente. Michael, para mim acabou sendo outro, não de Billie Jean, Thriller, ou outra música, seria para mim sempre aquele cara que ia esbranquecendo até o clipe de 1992 em Black or White.

Foi no domingo, no Fantástico, que uma outra imagem se fixou na minha cabeça: Michael, o homem de Black or White, para muitas pessoas aquele seria o último sucesso dele, para mim, o único que eu tinha de forma clara e registrada. É óbvio que antes de Black or White haveria os jogos de michael, que foram bem jogado por mim no bom e velho Mega Drive, na casa de amigos que me deixavam divertir. Mas esse Michael era ilusório e só o de Black or White parecia mais “real” do que os outros. Depois desse encontro, fomos separados.

Ao contrário de Madonna, que eu aprendi a gostar através da sua reinvenção, Michael eu gostava meio que de graça, mesmo indo contra as idéias daquilo que ele tinha ajudado a criar, o mundo pop. Mesmo gostando, nos separamos, eu segui para a minha era de silêncio e ele a dele. Eu depois segui para a música de Rock e ele seguiu para o extreme pop music eletronic dammit fuck. Ainda assim, eu gostava do Michael, minto, continuo gostando. Eu tentava ficar contra ele quando ele se defendia contra acusações de pedofilia. Ele gostava de Peter Pan e eu amava essa historinha desde não sei quando. Eu me horrorizava com as suas deformações, mas eu acompanhei todo o seriado dele que passou na Globo. Eu nunca fui fã do Michael, mas eu sabia o que ele fazia. Não sei ao certo por que e hoje, no dia de sua morte posso dizer, nunca fui fã, mas sempre gostei daquela lembrança antiga enevoada que ele participou indiretamente.

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